sábado, 29 de agosto de 2009

Famílias escritoras (16)

História de uma vida

Esta história começou há 48 anos, no ano de 1961 e conta a história da minha vida…
Quando eu nasci, numa freguesia de Esposende, onde meus pais viviam, pois a minha mãe de lá é natural, viemos viver para Vila do Conde, pois o meu pai, que era motorista de pesados, recebeu uma boa oferta de trabalho e então mudamo-nos para esta cidade, então vila.
Foi uma infância muito feliz, pois entretanto nasceram as minhas irmãs, em 1962 e em 1965. Também vivia connosco o meu avô paterno. Dele herdei o gosto pela leitura, pois também ele lia tudo quanto lhe aparecesse pela frente, até os nossos livros escolares.
Nunca nos faltou nem o carinho nem o amor de nossos pais, assim como nunca nos faltou a comida ou os brinquedos, pois meu pai ganhava bem e a minha mãe ajudava no orçamento, trabalhando em casa na costura e cultivando o quintal da casa onde vivíamos.
Quando eu tinha por volta de 5 anos, o meu avô que então trabalhava num escritório, em frente à escola de rendas de bilros, começou a levar-me com ele e enquanto ele ia trabalhar, eu ficava na escola de rendas. Assim aprendi a fazer renda de bilros. Frequentei esta escola em paralelo com a escola primária, pois naquele tempo a escola primária era só a ½ tempo.
Como a vida corria bem aos meus pais, eles decidiram construir uma casa e então, depois de adquirirem o terreno, começaram a sua construção. Foi por volta do ano de 1968.
Estava a casa construída de pedreiro quando o dinheiro que meus pais haviam economizado se acabou, e foi então que eles tiveram que recorrer a empréstimos para acabar a casa, que ficou pronta a habitar no Verão de 1972.
Foi também neste ano que eu acabei o 4ºano de escolaridade.
Foi por esta altura que a minha mãe adoeceu, começando por emagrecer cerca de 2,5kg por semana sem motivo aparente, pois os médicos não lhe encontravam nada e diziam que o que ela tinha era uma cisma. Então receitavam-lhe medicamentos, que mal não lhe faziam, mas também não a curavam e se ela os deixava de tomar continuava a emagrecer. Era um tal correr médicos e até curandeiros… Mas ninguém conseguia que ela parasse de emagrecer.
Foi então que eu, em vez de ir estudar para o ciclo preparatório, (era assim que se chamava aos 5º e 6º ano) eu fui para a 5ª e 6ª classe, pois os livros eram mais baratos e havia sempre a possibilidade de no final do 6º ano eu continuar a estudar se as coisas melhorassem.
Mas não foi isso que aconteceu, pois a doença de minha mãe prolongou-se por 2 intermináveis anos, assim como as dívidas aumentaram, pois o dinheiro que o meu pai ganhava, às vezes não chegava para os medicamentos, medicamentos esses que passado pouco tempo eram deitados fora porque não faziam nada e então lá se procurava outro médico e voltava tudo ao mesmo.
Foram tempos muito difíceis, pois minha mãe pensava estar cancerosa, e então pedia-me para ajudar o meu pai a criar as minhas irmãs, visto ser eu a mais velha.
O meu pai trabalhava então de motorista na empresa Agros e fazia a distribuição de leite no Porto. Saía de casa às 4h da manhã e só chegava depois das 8h da noite; fazia muitas horas extra e ganhava muito bem, mas nunca chegava, pois gastava-se muito dinheiro em medicamentos que não eram comparticipados, pois o médico da caixa não passava as receitas dos médicos particulares; mas também porque eles todas as semanas eram diferentes e ele dizia que não podia fazer nada.
Falava-se em vender a casa, pois com o acumular das dívidas parecia não haver alternativa, mas a minha mãe não deixou, e assim continuavam a pedir dinheiro emprestado, pois todas as semanas a minha mãe ia ao médico e de lá trazia novas receitas que substituíam as anteriores e era preciso comprar.
E assim se passaram aqueles 2 anos, com a saúde de minha mãe umas vezes melhor outras pior, mas sempre com aquelas crises e desmaios sem ninguém saber porquê, até que alguém a aconselhou a ir a um médico que começava a ser conhecido, pois dava tratamento a certas doenças neurológicas que aparentemente não tinham cura, pois não existiam, eram cismas (era o que os outros médicos diziam ao meu pai quando este os confrontava com a falta de melhoras de minha mãe).
Foi então este médico (Dr. Martins), ao qual a minha mãe recorreu sem nenhuma esperança de melhoras e por descargo de consciência, quem começou a curá-la, pois falava a mesma língua que ela. Quando ela começava a descrever-lhe os sintomas, ele completava o que ela descrevia, e então este médico disse-lhe que a doença dela era grave, mas tinha cura, tratava-se de um esgotamento nervoso já bastante avançado e acompanhado de uma anemia que também tinha que ser tratada.
Então quando a minha mãe mostrou a receita ao médico da segurança social para este lhe passar os medicamentos pela caixa, este, mais uma vez se recusou a fazê-lo, dizendo-lhe que estes medicamentos iam matá-la, além de serem caríssimos, eram doses para cavalos. E mais uma vez os meus pais tiveram que recorrer ao empréstimo, a familiares, mas desta vez a minha mãe começou a melhorar a olhos vistos.
Foi também nesta altura que minha mãe engravidou da minha irmã mais nova, da qual sou a madrinha. Quando a minha mãe engravidou, já se encontrava melhor, mas teve que parar com a maior parte da medicação. Mas depois dela nascer, a minha mãe aos poucos foi-se recompondo até que ficou boa.
Por esta altura eu já devia estar matriculada no liceu, mas depois de falarmos e com muito custo, ficou decidido que eu iria trabalhar, por ser a mais velha e as dívidas serem muitas: éramos então 4 filhas e o meu pai era sozinho a trabalhar.
Estávamos então no pós 25 de Abril e estava tudo muito confuso com o regresso dos portugueses das ex. colónias e os empregos eram poucos.
Para agravar a situação, eu não tinha 14 anos, idade com que se podia começar a trabalhar legalmente.
Foi então que, com muita dificuldade e com alguns pedidos, alguém me arranjou emprego numa fábrica de conservas de peixe.
Foram tempos muito difíceis, que não gosto de recordar! Tempos de verdadeira escravatura, pois no Verão chegava a trabalhar das 6h da manhã até às 22h, só com os intervalos para almoçar ao meio dia (12h) e por volta das 18h para lanchar. No Inverno não se trabalhava tanto, mas era ainda mais duro pois o peixe vinha congelado e com o frio, muitas vezes não descongelava e tinha que ser trabalhado ainda em gelo. Para agravar isto, havia outro problema: a encarregada não gostava de mim; e já vão saber porquê.
Por esta altura, o meu único consolo era a leitura; eu adorava ler e ficava até de madrugada a ler, lia tudo. Fiz-me sócia do Círculo de leitores e com o dinheiro que ficava para mim para gastos, eu comprava livros.
Lia à noite e depois no dia seguinte contava às minhas amigas no trabalho, o que tinha lido. Era por isso que a chefe não gostava de mim, por eu estar sempre na conversa. Então por vezes, mandava-me trabalhar isolada, sozinha, pensava ela, mas tal não acontecia, pois eu nessas horas rezava muito (nunca me sentia sozinha, pois acreditava e acredito que temos alguém que olha por nós e nos faz companhia sempre que O evocamos), e vai daí, a encarregada via-me a falar sozinha e não entendia; pensava decerto que eu não era bem fina e chegou a dizer isso a minha mãe. Mas de tanto pedir a Deus e a Maria, Sua e nossa Mãe, para me ajudarem a mudar de vida o milagre aconteceu, pois olhando para a maneira como as coisas se passaram, eu acredito que tem dedo Divino na minha mudança de vida.
Trabalhei na conserva dos 13 aos 21 anos; não era de todo infeliz, pois a causa pela qual fui sacrificada, era uma causa nobre a meu ver. Tratava-se da honra dos meus pais em pagar as dívidas, pois de outra forma tinha levado muito mais tempo. O meu avô materno dizia que só quando eles (avós maternos), fechassem os olhos é que os meus pais teriam dinheiro para pagar o que deviam, depois de venderem o que minha mãe herdasse.
Por isso, quando as dívidas ficaram pagas, e não precisando tanto do meu ordenado, pois o meu pai, nessa altura trabalhava de motorista no Linhares, empresa de transportes públicos e excursões, fazia muitas horas extra e ganhava bem, já não precisavam que eu trabalhasse. Estava a minha mãe a conversar com uma senhora muito amiga sobre isso, quando esta lhe diz:
__ Miquinhas, a conserva não é para a sua filha. Ela sabe ler, escrever e falar tão bem que é um crime deixá-la lá. Tente arranjar-lhe outro emprego, pois qualquer coisa é melhor trabalho que aquele.
Depois de conversar isto com o meu pai, vieram falar comigo. Ficou então decidido que iríamos procurar outro emprego.
Foi então por esses dias, estava eu a ver um programa no 2º canal, quando ouvi um empresário têxtil a falar das dificuldades em encontrar modelistas e estilistas para a confecção, que estava em expansão na altura; como não havia pessoal especializado na indústria têxtil, tinham que o mandar vir de França ou Itália para preencher estes quadros. Nunca pensei que meus pais levassem a sério o meu pedido, pois eu estava a brincar.
Como nessa altura o meu pai fazia muitas vezes a carreira para o Porto, por vezes tinha que esperar algum tempo para voltar. Foi então procurar onde eu fizesse formação, mas foi muito difícil, pois em todas as escolas oficiais era exigido o 9º ano. Ele também não desistiu e foi à procura de escolas particulares, porque já alguém lhe tinha falado em algumas, mas também nestas estava difícil para estilista; em todas era obrigatório o 9º ano, só numa é que para modelista só precisava da 6ª classe.
E foi então que aconteceu o milagre que viria a mudar a minha vida.
Depois de conversarmos os 3, os meus pais e eu, o meu pai matriculou-me nessa escola de nome CITEM, que se situava na rua do Almada mesmo em frente ao cinema da Trindade.
No meu primeiro dia de formação levaram-me para uma sala onde estavam os alunos mais recentes e depois de me apresentarem à monitora que se chamava Dª Isolina, ela mandou-me pegar no material necessário para fazer um molde (papel, lápis, régua e esquadro) e disse-me:
- Trace uma recta e faça P. O.
E foi-se embora.
Eu até para o chão olhei para ver se encontrava o P.O., pois se em cima da mesa ele não estava, debaixo também não. Só não desisti naquela hora porque pensei em todo o esforço que o meu pai tinha feito, e por vergonha, não fugi.
Então uma colega, ao ver o meu desespero, veio em meu auxílio dizendo:
- O meu nome é Teresa, e o que tens que fazer é uma linha recta e depois na extremidade direita fazes uma esquadria.
Quando a monitora chegou com as fichas técnicas, para eu começar a fazer o meu 1º molde (uma saia), já eu tinha o P.O. pronto, que mais não era que uma esquadria, e assim eu comecei por aprender que um molde começa sempre por uma recta. Depois das primeiras dificuldades, adaptei-me bem aos métodos de aprendizagem da escola; a monitora que começou por me ensinar foi mandada embora e a que a veio substituir era excelente, como pessoa e também como professora. Senti uma empatia muito grande por esta senhora (Dª Lurdes). Foi a Dª Lurdes quem me ensinou a fazer moldes, mas para isso eu tive que fazer 3 cursos: o básico, o escalado e transformação.
Quando acabei estes três cursos, o dono da escola ofereceu-me o suplemento do curso de malhas, pois arranjei trabalho como modelista numa fábrica de exportação, que só trabalhava com malhas e lycras.
Escusado será dizer que foi um pouco difícil o meu começo como modelista, pois não tinha nenhuma experiência de trabalho nesta área, mas com algum esforço lá fui andando, pois não tinha alternativa se queria mudar de vida.
Aprendi os comportamentos das diferentes malhas, assim como se trabalham, pois para cada espécie de malha é preciso um determinado encolhimento; também aprendi a trabalhar em máquinas industriais e a alterar os diversos pontos em conformidade com as diversas elasticidades das malhas.
Trabalhei muito, mudei algumas vezes de emprego, sempre que me faziam uma nova proposta de trabalho; se eu a achava vantajosa, mudava de emprego. Também trabalhava em casa a fazer moldes para outras empresas em part-time.
Foi quando trabalhava em Famalicão que conheci o meu marido. Tinha então 26 anos e foi amor quase à primeira vista, embora eu já tivesse tido alguns namorados não tinha sido nada sério, pois eu, ao fim de pouco tempo, já estava cansada deles e não tinha paciência para os aturar. Então mandava-os dar uma volta.
Desta vez foi muito diferente. Começámos por ser amigos e quando dei conta estava apanhadinha por ele. Namoramos 10 anos, com algumas chatices pelo meio, mas nada comparado com o comportamento de outros namorados que eu tinha tido; não havia cenas de ciúme excessivo, nem havia aquele sentimento de posse que eu detestava em alguns namorados, e aos poucos lá fomos construindo um namoro sério baseado na confiança mútua.
Casei com o grande amor da minha vida! Mas a profissão dele não tem nada que ver com a minha, pois ele é agricultor. A sua vida foi muito diferente da minha, embora tenha estado emigrado no Canadá e mais tarde no Brasil, pois ele teve que se vir embora do Brasil para trabalhar as terras pertencentes à família, uma vez que o pai e o irmão que as trabalhavam, faleceram (foi nessa altura que nos conhecemos), e nos 10 anos que namorámos, vi que, se um dia casássemos, eu teria que enfrentar uma vida totalmente diferente da que tinha tido até então.
De viagem de lua-de-mel fomos ao Brasil.
Quando chegámos ao Rio de Janeiro, chovia e não havia previsão de melhoras para o tempo. Então fomos a uma agência de viagens e como a Sª da agência nos disse que na Baía faz sempre sol, lá fomos nós. Compramos uma estadia de 15 dias em Porto Seguro.
O tempo estava maravilhoso, passeamos muito a pé. O hotel ficava a cerca de 2 km da cidade e do porto onde se fazia o embarque para os passeios marítimos que nós fazíamos quase diariamente. Visitámos uns recifes de coral onde eu nadei em mar aberto, em pleno Atlântico; a água era quentinha e os peixinhos vieram comer migalhas de pão na minha mão, nadei a par com uma tartaruga no recife da Coroa Vermelha, ao almoço comemos peixe que era pescado no recife e era cozinhado para os visitantes do mesmo. Foram momentos inesquecíveis!
Visitámos Sta. Maria de Cabralia, que foi onde Pedro Álvares Cabral desembarcou quando chegou ao Brasil, em 1500. Fomos visitar uma tribo Índia, que vivia do seu artesanato. Também saíamos à noite, íamos até à cidade para nos divertirmos e fazer compras. Era tudo maravilhoso, desde o passear à beira-mar, junto ao cais, passando pelos sumos naturais, pelos batidos, pelo coco gelado e também experimentei uma bebida deliciosa, alcoólica, que se chamava «capeta». A guia do hotel tínha-nos avisado para não nos metermos nela, e então eu só bebi uma. Desta minha viagem ao Brasil gostei imenso.
Quando regressei, voltei ao meu trabalho que decorria normalmente, mas aos 6 meses de gravidez tive que meter baixa médica, pois os meus pés inchavam muito e a médica que seguia a minha gravidez mandou-me parar.
Depois de o meu filho nascer, deixei de ter disponibilidade para este tipo de trabalho que, como já disse, era um trabalho muito cansativo. Eu chegava à noite do trabalho muito cansada e não tinha tempo para o menino que acordava de noite para comer e trocar a fralda. O meu marido até me ajudava bastante, mas eu andava cheia de sono durante o dia e quando era preciso fazer horas extra eu não podia. Então comecei a ter chatices com os patrões que, a brincar, mas falando, diziam que eu já não tinha a mesma disponibilidade para o trabalho.
Eu comecei a pensar nisto e depois de conversar com o meu marido decidimos, que o melhor era deixar de trabalhar fora.
Como tinha umas máquinas industriais de confecção minhas, pois em tempos eu tinha trabalhado por minha conta comprando malhas e fazendo peças que depois vendia em algumas lojas, vim novamente trabalhar por minha conta, e assim trabalhei durante algum tempo, até este tipo de negócio deixar de ser rentável.
Entretanto e como não percebia nada de agricultura, para poder ajudar em alguma coisa o meu marido, inscrevi-me num curso de empresária agrícola onde aprendi alguma coisa sobre agricultura, não que me tenha transformado numa agricultora, mas dá para ajudar em alguma coisa.
Quando engravidei da minha filha no inicio do ano 2000, (22 de Abril) fiz um AVC, tinha então 40 anos. Nunca se descobriu a causa, pois todos os exames que me foram feitos estavam normais; a causa provável foi ter-se soltado um coágulo de sangue das varizes ou então a própria gravidez. Estava eu grávida de 2 meses e a médica que me acompanhava no hospital de S. Marcos, em Braga, veio falar comigo dizendo-me que talvez fosse preciso fazer um aborto e queria saber o que eu pensava do assunto.
Fiquei muito triste, pois havia já algum tempo que eu tentava engravidar novamente, e depois de fazer umas Ecografias e mais alguns exames, decidi continuar com a gravidez se fosse essa a vontade de DEUS. Foi uma gravidez de risco, tive que fazer fisioterapia, pois o lado esquerdo do meu corpo ficou todo paralisado. Foi mais uma batalha na minha vida, uma fase difícil de ultrapassar, mas mais uma vez com a ajuda Divina, consegui vencer este problema.
Quando estava grávida de 3 meses tive que fazer uma Amniocentese; quando me telefonaram do laboratório a dizer que estava tudo bem e eu ia ter uma menina, era dia 27 de Julho, dia do meu aniversário. Foi um dos dias mais felizes da minha vida e a melhor prenda de aniversário que me deram, só igualado pelo dia do nascimento do meu filho e pelo nascimento dela, pois o nascimento dos meus filhos foram os acontecimentos que me fizeram sentir mais realizada e feliz como mulher.
Hoje, a minha vida é deles e do meu marido. É para eles que vivo. O meu filho tem 10 anos e a minha filha tem 8 anos.
De tudo tenho feito na vida: comecei a trabalhar aos 13 anos, fui fazer o curso de modelista aos 21, (nessa altura foi muito difícil a princípio, só não desisti por respeito a meu pai), comecei a trabalhar como modelista só com o curso sem experiência nenhuma, sem conhecer sequer uma máquina industrial, mais tarde fui encarregada geral numa grande empresa.
Quando foi preciso, abdiquei da minha carreira, sem qualquer arrependimento, pois pensava retomá-la quando os meus filhos estivessem mais crescidos.
Mas entretanto a vida mudou e o que era um bom trabalho, hoje pouco interessa, pois a Têxtil como sabemos já deu o que tinha para dar. Tenho que enfrentar a vida com novos desafios e não deixar cair os braços; vou tentar ultrapassar os problemas que esta crise nos tem causado. Se não posso retomar o meu trabalho, há que procurar noutra área; é mais um desafio, que eu tenho pela frente e tento, com a ajuda de Deus vencer as dificuldades do dia-a-dia.
Pelos meus filhos, para lhes mostrar que devemos sempre tentar mudar a nossa vida para melhor quando para isso temos oportunidade e nunca é tarde para aprender. Por mim, não sei ainda o que a vida me reserva! Presentemente ando a fazer o 12º ano através das Novas Oportunidades. Tem sido uma experiência muito enriquecedora, pois aprendi a trabalhar no computador entre outras coisas, e como tudo vale a pena quando a causa não é pequena, e esta é bem grande, pois trata-se da esperança no futuro que só a Deus pertence, a Ele peço o pão nosso de cada dia, peço também forças para enfrentar a vida com dignidade, honestidade e muito amor.
Foi-me pedido pela minha filha uma história para um projecto da escola chamado «famílias escritoras». Como eu não sou nada que se pareça com uma escritora, decidi contar por alto, um pouco da minha experiência de vida.
E como a vida se assemelha a uma viagem de comboio, despeço-me, marcando encontro na próxima paragem.

FAMÍLIA ESCRITORA DA ALUNA: MARIA BACELOS CAMPOS MEIRA
3ºANO/TURMA 2

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